aDeus Bolhão


Primeira parte

aDeus Bolhão

O prometido é devido, olhos-nos-olhos

 o Título do Livro é “aDeus  Bolhão” a capa do livro será uma alegoria às Artes, 

Uma mensagem ao imaterial, representada nesta figuração pela cúpula de um dos torreões do edifício do Mercado do Bolhão, uma alegoria à Anja, de autoria do Escultor José Rodrigues, também desaparecida do seu Lugar com o Mercado do Anjo. 

Esta Alegoria é a capa deste livro de autoria do Mestre José Emidio, a Anja e o Torreão do Mercado Bolhão, realizada sobre uma imagem de um dos fasciculo de o “Tripeiro” aquando, de um encontro no “Orfeão do Porto”, a propósito da “Não demolição do Mercado do Bolhão”, promovido pelo Movimento Cívico Estudantil, da Associação de Feiras e Mercados e outros importantes Movimentos, na defesa da realização de obras de efetiva reabilitação e preservação da sua identidade. Aliás, como define e prevê o Projecto Aprovado no final do ano de 1998, da minha autoria e que, mais adiante se publicará, respondendo de forma clara e inequívoca à promessa de publicação do Livro, através do Facebook, porque entendo constituir uma ampla divulgação, de fortalecimento à democratização do conhecimento e da vida pública, hoje, de acesso mais fácil a todas as pessoas.

Importa salientar que, ao “Movimento Cívico Estudantil, se associaram outras Pessoas e Entidades, nacionais e internacionais, do qual resultou cerca de oito meses em festa: - manifestações Artísticas e uma Petição subscrita por 50.000 pessoas, designada “Não à Demolição do Mercado do Bolhão”, cuja imagem é um ícone desse tempo e da consequente Resolução (não respeitada) da Assembleia da República, constituiu o corolário dessa ação cívica e que muito dignifica os Estudantes e a sua participação na vida social e cultural.

A Cidade do Porto regista por isso, nos seus anais imateriais, mais um movimento cívico e pedagógico, dos muitos que aconteceu durante seculos, não obstante neste e noutros casos, o atributo da política, nesses momentos, terem sido improdutivos social e culturalmente, arrastando a cidade e as suas atividades para o abandono, tornando-a na atualidade, uma cidade da noite (veja a quantidades de recipientes nas madrugadas de quinta a sábado nas ruas). 

Com a pandemia, a Cidade do Porto com seculos de história e repleta de urbanidade, fica vazia de residentes e atividades pela moda de um não turismo, que justificou o endividamento das pessoas e do nosso Pais, chamam-lhe… desenvolvimento!

No espaço e no tempo, no Lugar e no Mundo, sempre existem vontades de silenciar as passagens e registos para que as crónicas desapareçam e fique a promoção de um não acontecimento.

Onde pessoas que se arvoram em historiadores e mais não fazem que serem promotores de inverdades.

É próprio dos regimes e do totalitarismo que, através do populismo, comprometem pessoas e inibem vontades. Veja-se o caso mais flagrante a passagem do Hitler!

Pois, tenho consciência do meu Dever cívico e dos meios que a atualidade nos oferece, para descrever factos e momentos, as crónicas da nossa terra.

Estas crónicas serão publicadas com a frequência adequada à narrativa do momento, onde apresento imagens e, sempre que julgue necessário, as palavras que as contextualize.

O índice de apresentação desta crónica iniciará com uma breve contextualização de imagens do verdadeiro Mercado do Bolhão, depois abordarei a Cidade do Porto seculo XIX, da sua Morfologia Física do Território, o Desenvolvimento e o Lugar. Depois as crónicas desde 1980 sobre os fundamentos do Concurso Público de Arquitetura para a elaboração do Projeto de Execução para a Reabilitação Mercado do Bolhão.

Indicarei sempre a bibliografia e se por lapso não o realizar, agradeço que me digam porque, o-seu-a-seu-dono, manda a ética e o dever de cidadania.

Da atualidade, em princípio, não falarei porque julgo desnecessário… 

A opinião individual acontecerá dado os factos narrados e os visíveis no terreno, eles falarão por si só e cada um de nós terá agora, se o entender, um instrumento que nos permitirá um conhecimento efetivo sobre o que é a reabilitação e o dito restauro profundo, sem ferir o digno trabalho de investigação do DIAP que decorre desde Agosto de 2016, promovendo a abordagem e o conhecimento de verdade, porque tudo ficará descrito para memória futura.

Julgo que, desta forma, o Livro tornar-se-á dinâmico, um exercício democrático, tratará de publicar documentos, podendo os mesmos serem comentados, sobre a intervenção construtiva num ícone classificado como património, fechado durante três anos, operando e subtraindo de forma profunda no edifício e na envolvente, atividades sociais, culturais e económicas.

Acontecerá, desta forma, a discussão pública em vez da promoção pública… 

         

Deixo as imagens para a reflexão que iniciaremos, sobre o tema que atinge o lugar e as pessoas, neste caso o Mercado do Bolhão mas, que estas atitudes acontecem por falta de uma efetiva pedagogia democrática da classe politica, no estabelecimento do conhecimento e da educação democrática de interpretar as vontades que nos são transmitidas, em verso ou palavras ditas, como esta Senhora, D. Madalena, bem conhecida no Mercado do Bolhão, que através da venda de pão, transmite esperança e vontades coletivas, ignoradas pelos responsáveis e às vezes mascaradas, por palavras e atos impróprios num regime Livre e Democrático.

              

          

           

Transmito-vos, o meu único interesse: - é, foi e será o conhecimento pedagógico e o democrático, não me preocupo com a estatística e com a maledicência, os meus telhados são transparentes, honrarei as pessoas, os meus amigos e a minha Família, referirei que o património material e o imaterial é do Mundo, global ou não e, todos seremos os fiéis guardiões da memória futura.

Por isso desfrutem deste sadio encontro, utilizando as novas tecnologias comunicacionais e que as tertúlias acontecem e ficam registadas, também no furor das palavras, mas, no final, procuramos o momento Feliz!

A verdade é única… Forte Abraço e até breve! 

Porto, 24 de julho de 2020

Joaquim Orlando Fonseca Massena 

 

Cidade com Memória


Segunda parte

Cidade com Memória

 

O Lugar é o espaço terrestre, de maior ou menor superfície, com um enquadramento marítimo, agrícola ou montanhoso, onde nascemos e vivemos, que nos dá força e conteúdos para crescermos, cúmplices, com as pessoas de Família e Amigos onde todos recriam, através das artes e dos seus ofícios porções de matérias lavradas que, conjugadas com outras tantas de outras tantas pessoas, com quem convivemos e damos o nosso amor, amizade, solidariedade ou lembramos a sua memória.

O Lugar ou Sítio nasce com as referências memoriais tornando-se identitário, recebendo em função do seu uso e das suas memórias, uma classificação alegórica à atividade e hierárquica, relativa ao enquadramento urbano de Aldeia, Vila, Cidade, Capital, inseridas nas Ilhas, nas Penínsulas e ou nos Continentes. 

O Lugar é, por isso, o berço da condição humana. O edificado e as atividades a memória presente da cultura do seu modo fazer, estar e viver.

A Vida é também, o nosso legado material ou imaterial e faz de cada um de nós um fiel depositário. Primeiro do legado familiar e depois do legado coletivo.

Se não conseguimos usar e preservar esse legado, estamos ausentes da nossa condição humana e de percebermos que “sozinhos não somos nada e juntos temos o mundo na mão”. Não para o destruirmos, mas, tão somente, para fruirmos o momento feliz.

 

A memória, seja tangível ou intangível, faz parte da nossa educação estética e social…

A componente financeira é, por certo, importante para a compensação de quem materializa a coisa. Mas, sem ética nessa materialização, será uma patologia que mais tarde gangrenará e poderá originar situações mais graves, provavelmente, já não visíveis para ao nossos olhos, porque somos fruto de uma condição de vida que, tem um espaço e um tempo… Esse, ninguém o conhece, o condiciona ou o determina!

O Mundo, segundo a ética, diz-nos, na nossa escala de tempo, que já existe há milhões e milhões de anos e todos temos a esperança que ele continue a existir.

Não será o humano que o destruirá, quanto muito será o humano que se autodestruirá, por força de uma educação mal ministrada, ausente de verdades ou memórias escondidas, por força da destruição, não refletida, de coisas materiais e imateriais.

Esta reflexão surge pelo meu dever ético descrever uma passagem sobre um exercício que desenvolvi numa parte da minha vida, de arte e técnica, também designada por arquitetura. 

”Pensar e Sentir” uma intervenção de reabilitação, de um espaço vivo, em funcionamento, que há muito precisava de obras. 

         

         

         

Foi encerrado de forma inexplicável e inédita, pelo Senhor Presidente da República Professor Marcelo Rebelo de Sousa… 

Refiro, inexplicável e inédita, porque não existiu a devida discussão pública e ainda se encontra em segredo de justiça, para investigação, todo o procedimento de reabilitação do ícone do Comércio Tradicional da Cidade do Porto, o Mercado do Bolhão.

Digo foi fechado, porque nunca mais será reaberto como ícone da Cidade do Porto, quanto muito como o Shopping do Bolhão…

Um espaço que fecha durante todo este tempo, três anos, deslocaliza as pessoas e as atividades (compradores e vendedores) para um não lugar, coberto, em cave, com fantasias que não são dos próprios, mas, de outras pessoas com mérito, que tentam a promoção de um espaço que mais não é que um supermercado num shopping. 

 

Teremos oportunidade, mais adiante nesta matéria que será extensa e por “Partes ou Capítulos” de percebermos o que aconteceu ao Mercado do Bolhão, é semelhante ao que aconteceu a tantos outros espaços e edifícios da Cidade, provavelmente, sempre com o mesmo ditame, quiçá, seria o melhor para o desenvolvimento comercial da Cidade do Porto.

Pois, na verdade as imagens que vos transmito, com sucintos sumários que as contextualizam, são na verdade aterradoras para quem vive o património e o entende como sendo o Fiel depositário de memórias, que as quer usar e transmitir, para que elas sejam visitadas e vividas, não como múmias, nem como património para o não turista.

É certo, ao que observamos e com as noticias que nos chegam o financeiro é, nos nossos dias, uma entidade sem rosto, por vezes administrador com rosto mas sem ideias, agora o que não é admissível são entidades públicas, com deveres maiores de subtrair, ou autorizar a subtração do património, com justificações e participações bolorentas, que destroem a politica e, naturalmente, os partidos políticos indispensáveis ao regime democrático! 

Seja ele Republicano ou Monárquico...

Importa um regime onde se reconheça o mérito e a competência democrática, não oculte a Liberdade que Abril nos cedeu em 1974, patente na Constituição da República Portuguesa.

Porto, 15 de agosto de 2020

Joaquim Orlando Fonseca Massena